Pular para o conteúdo

Polícia Civil de Rondônia

Candeias do Jamari: Polícia Civil conclui investigação sobre desaparecimento e localização da primeira dama

  • ASSCOM 

Na data de hoje (03/02), a Polícia Civil concluiu a investigação sobre o suposto sequestro da primeira dama de Candeias do Jamari.

A Dra. Keity Mota Soares, Delegada de Polícia Titular em Candeias, presidiu a investigação contando com apoio de várias unidades policiais da capital e interior, tanto da Polícia Civil como Militar.

Ao final dos trabalhos constatou-se que não houve sequestro, extorsão ou qualquer constrangimento à liberdade física ou de autodeterminação da primeira dama. Com todas as diligências realizadas detectou-se que a versão apresentada pela suposta vítima não se sustentou, não existindo as pessoas que alegou serem sequestradores, nem objetos que disse terem sido usados como instrumentos do crime.

De outro lado, a conclusão investigativa aponta delito de falsa comunicação de crime, praticado por Djeimi, uma vez que sua conduta provocou ação de autoridade comunicando ocorrência de crime que sabia não ter se verificado.

Referido delito, previsto no art. 340 do Código Penal, é considerado de menor potencial ofensivo, razão pela qual não cabe indiciamento.

O inquérito policial 001/2016/Candeias do Jamari será remetido para análise do Ministério Público para manifestação. Dentre as possibilidades estão a solicitação de novas diligências à Polícia Civil, a realização proposta de transação penal perante o Juizado Especial Criminal, oferecimento de denúncia (caso não faça jus à transação penal).

 

 

Entenda o caso

 

Por volta das 13h30min, do dia 05/01/2016, o Prefeito do referido Município, Sr. Francisco Sobreira de Soares, narrou que sua companheira Djeimi Cheurie Muniz havia acabado de enviar uma mensagem via aplicativo whatsapp para sua secretária Adriana, sendo a última mensagem às 13h04min, no qual dizia ter sido colocada em um porta malas de um carro prata, cujo motorista estava com uma camisa dos Estados Unidos e um boné vermelho, bem como estava em uma estrada de chão e tinha ouvido algo sobre estar indo em direção ao distrito Joana D’arc.

Imediatamente foi informada a guarnição de serviço da polícia militar de Candeias e através destes foi solicitado junto ao CIOP (Centro Integrado de Operações Policiais) apoio de guarnições de Porto Velho devido o baixo efetivo de policiais de Candeias. Ato contínuo, agentes de polícia se deslocaram pela linha Rio Preto sentido o distrito de Triunfo no intuito de realizar um cerco juntamente com a guarnição daquele local, que se deslocava no sentido inverso. Mesmo após várias diligências na linha foi constado pelas equipes que nenhuma movimentação suspeita ocorreu na região.

Simultaneamente uma equipe da Delegacia de Patrimônio se deslocou para região do Joana D’arc na tentativa de encontrar os “seqüestradores”. Enquanto isto várias equipes da Polícia Militar realizaram o cerco em torno da cidade de Porto Velho e Candeias do Jamari, também sem êxito.

Com apoio da Polícia Militar foram coletadas imagens das câmeras existentes nos comércios próximos sem êxito de visualizar qualquer carro suspeito, conforme descrição da vítima na primeira mensagem.

Depois dessas diligências, por volta das 16h00, policiais, familiares e amigos se concentraram na Delegacia de Candeias do Jamari, intuito de aguardar algum contato feito pelos supostos sequestradores.

Neste momento, o suposto sequestrador rapidamente entrou em contato e passou a enviar mensagens via whatsapp a todo instante, com afirmações aleatórias, ameaças de morte, fazendo referência a mais um infrator, supostamente um chefe (“xefe”), porém sem determinar o objetivo do suposto sequestro.

Ainda no período vespertino, o “sequestrador” passou a exigir como resgate exclusivamente a renúncia do Prefeito e nenhuma quantia em dinheiro foi solicitada. As mensagens, oriundas do aparelho celular de Djeimi, continuaram chegando, tendo inclusive mensagens de áudio, onde constava somente a voz de Djeimi.

Houve ainda duas ligações realizadas para o Sr. Francisco advindas do celular de Djeimi, quando era ouvida apenas a voz desta chorando dizendo estar sequestrada e querendo saber se o filho estava bem.

Diversas equipes de policiais civis de delegacias da capital foram mobilizadas  e permaneceram de prontidão na Delegacia de Candeias.

Por volta das 02h00min, do dia 06/01/2016 houve informação de que a suposta vítima havia aparecido em um hotel no município de Guajará-Mirim/RO, de onde uma equipe de policiais civis já estava se deslocando para Porto Velho para imediatamente coletar as informações trazidas pela suposta vítima e tomar as demais providências cabíveis.

 

Diligências complementares e confronto da versão da vítima e outras provas

 

Com a localização da suposta vítima se desencadearam novas diligências. Ela foi oitivada imediatamente.

Depois se reconstituiu o trajeto por ela realizado, confrontando-se com informações de testemunhas, com vídeos e áudios, além de dados eletrônicos, quando as contradições evidenciaram a não ocorrência de sequestro.

Das diversas modalidades de provas reunidas, nenhuma delas revelou a existência do sequestrador e possíveis partícipes.

Desde Candeias do Jamari até Guayaramerin a suposta vítima foi vista todas as vezes desacompanhada, com semblante tranquilo, podendo pedir socorro a qualquer momento caso estivesse em situação difícil. O suposto ponto eletrônico não foi localizado, através do qual ela receberia ordens do sequestrador. Não se tem conhecimento de equipamento dessa natureza com cobertura plena e ininterrupta pelas áreas que passou.

Os contatos foram realizados exclusivamente pelo telefone da suposta vítima. O próprio conteúdo das mensagens foi contraditório com a versão apresentada pela suposta vítima.

Além disso, o suposto local de cativeiro (hotel) seria algo insustentável devido a circulação de pessoas (tornando vulnerável a atividade criminosa), mas ao mesmo registrando as pessoas que por ali passaram (e em nenhum momento foram vistos os supostos sequestradores).

O pedido de resgate (renúncia do prefeito de Candeias do Jamari), também algo incomum (visto que na maioria absoluta dos casos o objetivo é auferir vantagem financeira imediata), além do que deveria ser renúncia “perante a imprensa”, o que provocaria extrema publicidade, fato que desinteressa ao próprio suposto sequestrador.

Por derradeiro, Djeimi foi “libertada”, sem que os supostos sequestradores obtivessem a vantagem indevida ou qualquer ação que os pressionassem a agir dessa forma, somente 12 horas de seu desaparecimento, quando ainda estava em local ignorado.